sexta-feira, 1 de maio de 2009

Música Paulistana (beta)

São Paulo é uma das cidades mais importantes do Brasil e, certamente, a capital cultural do país. Isso deriva de grandes quantidades de manifestações artísticas, e difere-se de outras regiões do país por apresentar uma enorme diversidade. São Paulo foi palco de um dos eventos mais importantes de expressão artística na terra da palmeira, a Semana de Arte Moderna de 1922, é pólo de atração de exposições internacionais de arte seja contemporânea, barroca, o que for, apresenta grande concentração de bons teatros como o Oficina, e de importância histórica como o Arena, tem uma enorme capacidade no cenário de música underground, tem dança, orquestras, foi berço de grandes autores como Mário de Andrade e Monteiro Lobato (Taubaté). O problema é que essa grande força de expressão não está presente no cotidiano da correria.

Pelo mundo afora, as capitais culturais, que são, geralmente, as maiores cidades, criaram o hábito de intercalar arte com a rotina. Andar em Montréal, a capital cultural do Canadá, é conviver com esse hábito, ninguém passa por nenhuma estação de metrô que não seja acariciada pelos talentosos jovens e velhos músicos. Em Buenos Aires, quem nunca ouviu falar de apresentações de Tango na rua ao som agradabilíssimo do tradicional bandoneon? Na Cidade do México, os músicos apresentam-se dentro dos próprios vagões de metrô, em meio à multidão que sai a trabalho, que pode relaxar e apreciar o que representa a melhor das invenções da humanidade. Em Paris, as pessoas cantam até nos cabelereiros (ver). E na nossa querida terra da garoa? Vi três em toda minha vida e até divulgo-lhes, pois merecem respeito. Um toca violino em alguns fins de tarde pela saida de baixo do metrô Clínicas, outro toca flauta transversal em raros poentes na saida da Vergueiro no terminal Ana Rosa, outro o violino ao lado da Catedral da Sé.

O ato de expressar-se artisticamente em público, cruamente, na rua, é constantemente associado à mendicância. Deve-se eliminar tal preconceito, e deve-se passar a reconhecer o que há de belo, enquanto as pessoas contribuem com a construção de um cenário urbano mais agradável, outras, ignorantes e inexpressivas, atribuem significados injustos, fruto da furtividade social. Não obstante, a prática de arte em público resulta em aprimoramento do amadorismo, desalienação da massa aculturada, desafloração de ânimos reprimidos, colaborando com a construção de uma paisagem mais lépida.

A minha intenção é tentar lutar por uma causa que muitos consideram fútil. Tento fazer com que as pessoas tomem a inciativa de expressar-se sem medo de serem reprimidas. Como aspirante à músico, sei que todos buscam serem reconhecidos e buscam indivíduos que apreciem sua arte. Também acredito que muitos conseguirão alguns arrecadamentos, que não serão tão módicos, pois muitos transeuntes incentivarão aquilo que os faz bem. Chamo essa minha tentativa de projeto de Música Paulistana, e é uma simples vontade de trazer charme à essa cidade de contrastes, cores e ritmos. Inicialmente, não apresento nenhuma proposta concreta (por isso o beta), e sim um apelo aos dezenove milhões de habitantes (ou a meia dúzia que lerá esse artigo) que fomentem as envies de músicos e artistas amadores para que saiam do casulo e mostrem suas asas que nasceram para serem vistas.

Essa proposta, apesar de individual, é empática à do Governo do Estado de São Paulo,que meses atrás lançou um projeto (o qual não me recordo o nome) de incentivo à apresentação de bandas independentes de composições próprias em pontos públicos e importantes da cidade, não sei ao certo que fim deu. Há também o projeto de música da América Latina que ocorre no Terminal Rodoviário do Tietê. O Governo põe à disposição legislação que possibilita projetos culturais mais exigentes( ver). A cultura é sim importante, e todos devem contar com o apoio do Estado, ninguém é reprimido por isso e o país só tende a melhorar.

Espero, sinceramente, que a nossa cidade chegue um dia ao status de primeiro mundo, mas não somente no âmbito político-sócio-econômico, mas também no cultural, educacional e intelectual. Mãos à obra.


Inspirem-se: Beirut - Nantes (Paris)
Beirut - The Penalty (Paris)


Non dvcor, dvco.



Fábio Andó Filho


A nossa humilde tentativa:
(foi divertido pacas)

4 comentários:

Lichas disse...

Você viu também o pintor de rua que fica as vezes na frente do pão de açúcar perto da ana rosa, que é por acaso pai da nossa colega :)
E que nem aceita lucro nenhum com isso.
Por todos os tipos de arte e avante! hihi

Anônimo disse...

Olá, Xará!

Sou o Fábio do Beirutando SP e também aspirante no universo musical e tento tocar a escaleta/cavacolele/violão do projeto.

Enifm, estou respondendo em meu nome, mas concordo que todos do Beirutando acham muito boa essa idéia que vocês defendem!
Também nos propomos a trilhar um caminho assim, por isso estamos investindo a partir de agora em fazer versões das músicas do Beirut (pelo menos o povo de SP) ao invés de apenas "coverizar" a banda.
A idéia que defendo é a de se reunir e usar o espaço público para tocar as musicas que gostamos, mesmo que a execução nem sempre saia da maneira que as pessoas esperam. Pensamos em futuramente continuar como uma banda e tocar outras musicas de outros compositores, ou mesmo investir em nossas composições.

Bom, fica aqui meu email e o do beirutando > fabioaz8@gmail.com > beirutandonapraca@gmail.com > assim a gente pode manter um canal de contato.
ok?

Valeu!

Saboya disse...

HAHAAHAHA. a menininha pulando em cima do vídeo é a cherry on the top

Marvin-icius disse...
Este comentário foi removido pelo autor.