segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Para entender a Crise Econômica.

Hoje, segunda-feira (29), as cotações na Bolsa de Valores de São Paulo despencaram absurdamente e teve as negociações interrompidas por um período. A BOVESPA fechou em baixa de 9,36%, sendo interrompida por volta das 15hs com a ativação do circuit-breaker.

Experimentando um ímpeto jornalístico que deu em mim hoje, resolvi narrar um panorama geral sobre a crise econômica que está empestando todos os quatro cantos e sete mares desse meu mundo bonito. (Nem pensem em discutir a jornalisticidade do meu artigo. No começo tá meio confuso, mas vale a pena ler que no fim encaixa).

Tudo inicia na terra do Sam, Sam é um criador de porcos muito simpático, para os que não o conhecem, e lá praqueles confins existem muitas empresas, multinacionais, holdings, dumpings, doping entre outros.

De forma geral, as empresas de lá não seguem um crescimento sustentável, ou seja, não conseguem manter um desenvolvimento constante de longa duração, e sim, crescem de forma piramidal. E como tudo no mundo é movido pelo desespero, febres e frenesis multiturdinários, temos por fim um estado. O Estado de bolha. A bolha é um resultado de um crescimento desenfreado que gera uma euforia econômica inicial generalizada que acaba saturando de ofertas e faltando em mercado, a bolha enche tanto até um momento em que não há como sustentar-se, ocasionando a Explosão da Bolha.

Seguindo o preceito da bolha assassina, podemos situar a terra do Sam num momento de arrefecimento econômico. A economia desanda. Clichê que é a vida, todo mundo vai pra rua, come mato e etc. O problema é que esses milhares de desempregados foram pegos de surpresa. A bolha é um evento repentino e afunda do Outono às cinzas e pó, (pó esse que muitos começam a cheira após alcançar o fundo do poço, o que talvez explique o fato dos EUA ser o maior consumidor da droga no mundo, financiando guerrilhas colombianas que nem são tão expressivas assim). O importante é entender que todos estavam satisfeitos com o crescimento econômico e muitos se empreitam a realizar seus sonhos, e muitas vezes isto significa o financiamento de uma casa própria.

O negócio imobiliário tem um mecanismo peculiar. Bancos financiam a compra de casas próprias, como garantia os compradores deixam a sua própria casa, o que é chamado de hipoteca. Quando num desenfreado crescimento econômico, todos foram lá financiar suas moradias, mas com a explosão da bolha, todos ficaram sem dinheiro para pagar o financiamento. Acontece que os bancos podem pegar todas as casas pra eles, mas isso não é lucro nenhum porque o banco não quer morar nelas, ele quer vendê-las, e se existe uma manada de casa pra se vender, pela manjada lei da oferta e da procura, o preço das casas cai. O banco não tem outra saída senão dar pití. Crise nos bancos.

Quebra um, quebra outro, quebram todos os bancos. Inevitável, sem banco não tem mais como. Não existe mais crédito pra ninguém, nem pra física ou jurídica, muitas empresas começam a falir, decorrendo na queda do valor de suas ações, ocasionando a queda na bolsa de valores. Os investidores, ou por medo, ou por prevenção, ou por osmose, tiram seu dinheiro de seus investimentos, e a bolsa cai mais ainda.

Agora que o Sam, o John e o Tom estão sem dinheiro lá em suas casas, eles vão pegar de volta o dinheiro que estavam investindo no negócio do Pelé, do Katsumoto, e de todo mundo. América, Ásia, África, Europa, Oceania e um terceiro continente à sua escolha, todo mundo vai por água abaixo, ninguém mais tem capital, sabe lá onde foi parar o dinheiro. O que, até então, acontecia nos EUA, vai refletir-se nos mercados do mundo todo.

Viajando até a terra do café. (Café que já teve problema em crise parecida em 29. ver a grande depressão.). Aqui na Bovespa, todos os estrangeiros que tinham comprado ações de empresas nossas resolvem vendê-las para recuperar o dinheiro investido. Primeiramente, vai circular menos dinheiro por aqui. Mas, além disso, vai aumentar em muito a oferta de ações na bolsa de valores, e o mercado, saturado, vai baixar suas cotações. Isso é o que chamamos de queda na bolsa de valores. Quando a bolsa cai, quem investe encara um impasse. Uma bifurcação econômica, ou sai ou racha. Alguns acreditam em recuperar tudo, mas a maioria é motivada pelo desespero e resolve vender suas ações. Como todo mundo quer vender a qualquer custo, o custo cai, principalmente porque não tem quem compre. Isso é uma bolha dentro do mercado de ações. E a bolsa despenca muito.

Foi o que aconteceu hoje, a bolsa caiu muito, por conta de tudo isso, e para conter esse desespero, para as pessoas não enlouquecerem e piorar mais ainda a situação, dispomos de um mecanismo chamado circuit-breaker que estabelece uma interrupção nas negociações (que, para quem não sabe, são online e muito rápidas) para aplacar os ânimos e respirar um pouco.

Pronto, vocês tiveram a sua cota de desalienação do dia :)


Fábio Andó Filho.

8 comentários:

Dedão! disse...

HAHAH DESalienação, de fato.

Minhas crônicas estão por vir, prometo !

bjosss

Lichas disse...

O dedão é vacilão.
E o namorado vai ficar no meio de um monte de gente gritando no celular todo bonitinho. Só passa um perfuminho depois, tá bom? ^^ hihihi

Fábio disse...

linda :)

Unknown disse...

olhaa!!
(Y)

Bruninho disse...

Só com o Fabinhu explicando pra eu entende essa crise ai viu! =D

Salpicão Mesquinho disse...

Bem legal. Realmente, no começo tava meio confuso, mas depois você fez um panorama bem compreensivo da atual conjuntura econômica... devo dizer que você anda bem informado.

Só discordo levemente da parte em que você diz "América, Ásia, África, Europa, Oceania e um terceiro continente à sua escolha, todo mundo vai por água abaixo(...)"; acho que classificar todos eles igualmente é simplificar um pouco a situação. Algumas dessas economias - a dizer, União Européia, Japão, etc. - têm uma capacidade muito maior de manter a estabilidade do que outras, então no final quem acaba se ferrando mesmo são os países do terceiro mundo, dependentes que são do capital estrangeiro.

Fábio disse...

É um ponto, mas não podemos simplesmente pensar que a maior potência do mundo em período de recessão não vai influenciar em todas as economias do mundo.

Salpicão Mesquinho disse...

A curto prazo, sim... a longo prazo, pode ser que a recessão americana seja justamente o fator que possibilite a consolidação de uma nova potência econômica, que substitua os EUA como hegemon. Não se esqueça de que, apesar de dependerem umas das outras, as grandes potências capitalistas competem entre si...