quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Escrever é engraçado. Escreve que é engraçado.

Quando desperta a inspiração, não tem como segurar. Dá no cérebro um comichão, sintoma que indica que o lóbulo esquerdo e o direito abalroam-se em uma psicodinâmica incrível, e o frontal tilinta com o hipotálamo, que por sua vez, com seu tamanho de noz, rodopia um quebra-nozes numa freqüência absurdamente LHC da vida, e a coceirinha sobe lá nas unhas que se contorcem em um tenesmo literário, e segue-se de um branco. Conseguinte, uma enxurrada de palavras despenca na ponta do lápis. E sai uma forma, disforme e segue conforme o grafite escorrega nebuliforme. Não dá pra pensar em outra coisa a não ser na ausência de pensamentos. Segue-se então sem temática, sem sentido e sem conteúdo. No mais, quando falta palavra, eis que aparece uma indecifrável amiga que, finda a análise, descobre-se totalmente pertinente, também escreve-se eufonicamente, e resulta, paradoxalmente, num desconcerto formidável de quem, em esplendor, enaltece toda sua expressão em caótica precisão.

E no fim das contas é atribuível de sentido toda a obra, inclui ainda metáfora e crítica social, inclui ainda caráter lírico e harmonia tática. Escrever é engraçado, não se prescinde pensamento de palavra e palavra de sentimento, e intrinsecamente, tudo vira sopa, e flui de vento em popa, e fica engraçado. Escrever é um tipo de lisérgico, puro desvario, deve ser por isso que vicia, e ensandece, e pira, afasta a pessoa da realidade, enquanto essa pessoa, na realidade, discorre sobre a realidade, absorto em alucinação. No fim é aquele regozijo, e no meio é pura endorfina, e começa tudo com um simples riso. Se não me parassem, eu não pararia, é um surto, é uma encruzilhada hexagonal de piração, muita adrenalina que fulmina em um momentâneo estado de anipnia. Fisga a razão de forma libidinosa e excita e seduz, deveras jovial, arrepia o coração e dispara a alma, confunde em sinestesia qualquer são. Canoniza o poder da idéia, a força da criatividade, e vem, de criar, a habilidade. Surge o mundo e um poço sem fundo de vontade de pensar, apetece o imaginar num compêndio de mirabolantes planos infalíveis, tornando-se uma rotina sem repetição.

Escreve que é engraçado. Aguça-se os sentidos de tamanha forma que não se sinta mais nada, e flui em frenesi todo tipo de maluquez, é catalizar a oxidação do ressentimento em rés do sentimento, desatar todo e qualquer rancor, pungir todos os nós. É exultar a beleza e os valores de homem e natureza. É lindo, e engraçado.


Fábio Andó Filho.

3 comentários:

Lichas disse...

Pensei que precisasse escrever o nome no final. Não?

Você é ótimo. Ótimo, lindo e engraçado.

Unknown disse...

primico queridoo...
FODA demais vc heim?!=P hehehe
orgulho d ter vc como meu primo q eu adoraaaaaaaava encher um pouquinho...e ate hj eu aproveito um pouco!hahahaha=D
comentario a parte....
nao soh a escrita,mas qlq forma d arte e "engraçada"
para ser um pouco narcisista gastronomia e um exemplo otimos!hahaha
cada ingrediente selecionado...
cada passo feito...feito de novo..
cata corte, cada machucado..cada queimadura, movimento das mão, braços...
o barulho de algo fritando...ou o forno apitando...tudo se transforma numa melodia tangível, admiravel e apaixonante, pra quem é desse mundo...=P

Vitor Aruth disse...

Esse fds escrevo sobre a leitura =]
.. mas não vai dar essa mesma vontade que vc deu pras pessoas escreverem ;]
vo passar sábado inteiro pensando xP